2006/01/26

SOLIDARIEDADE

Solidariedade. S. f., qualidade do que é solidário;responsabilidade mútua; reciprocidade de interesses e obrigações; Jur., estado de várias pessoas em que cada uma delas se obriga por todas e por tudo, no caso de falta de pagamento por parte das outras.

... Ou, mais do que uma palavra de dicionário, um acto, um gesto, um movimento...



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2006/01/25

REFLECTIR

Reflectir, do Lat. reflectere, voltar para trás. v. tr., fazer retroceder, desviando da primeira direcção; reproduzir; espelhar; retratar; revelar; repercutir. V. int., pensar maduramente; ter influência; produzir efeito; ponderar; observar; objectar. V. refl., incidir; recair; repercutir-se; transmitir-se.

Anoiteci com uma dor de cabeça a latejar-me as fontes de forma doentia. Talvez tenha acontecido por ter pensado tanto, reflectido, analisado e ponderado. Ou talvez por nada destas coisas, simplesmente porque me tinha que doer a cabeça, nada mais (apetece-me contrariar a ordem dos factores e dizer que nem todas as causas têm consequências ou o inverso).

Sempre que venho a caminho de casa formulo frases imensas, riquíssimas de conteúdo para dizer, escrever, partilhar ou, simplesmente, silenciar (o que mais frequentemente tem sucedido, porque tudo se eclipsa ao estacionar o carro). É como se existisse um desfasamento entre o meu cérebro e a minha boca ou as minhas mãos. Queria apenas descobrir a forma mais eficiente de desligar o cérebro, mas ainda não descobri a palavra mágica que encerra as portas deste poço sem-fim de imagens tresloucadas.

Outras vezes, penso muito seriamente se não estarei a ficar meia louca (ou totalmente), porque me sinto a dar voltas sem saída. Desembarco sempre no mesmo beco escuro e o que vejo na parede é a minha sombra monstruosamente projectada.

O Janeiro é um mês difícil. Sempre foi. O Dezembro também não é simpático. São dois meses tensos sempre que me lembro de ser quem sou. Este final de mês, então, é uma perpétua pena que tenho que cumprir sazonalmente. Tudo o que é menos bom acontece em Janeiro. É uma estatística muito minha, mas que é infalível. Janeiro é um mês para adormecer a 1 e acordar, somente a 31. É sempre um mês de grandes balanços. Este de 2006 parece não querer fugir à regra e, à flor da pele, sinto todas as emoções que não consigo controlar.

Haveria muito mais para dizer, não fosse a dor de cabeça a insistir em marcar presença e o facto de, mais uma vez, as palavras estarem a fugir e ser difícil alinhavá-las por aqui...

2006/01/24

AMADURECER

"Amadurecer, v. tr. e intr. tornar maduro; sazonar; fig. tornar-se prudente."

Sazonar por aí neste intervalo de tempo de ausência tem-me deixado a marca indelével das saudades. A vontade de escrever foi muitas vezes eclipsada pelo tempo que se escoa demasiadamente rápido. Nestes meses não tem havido espaço (e concentração, admito), para as palavras, pelo menos aqui, neste meu cantinho.

Mas elas, as palavras, fazem-me falta, mesmo que surjam neste regresso tímido, assim de porta entreaberta e sustendo a respiração, com medo do pó que se irá levantar ao regressar a esta casa de janelas semicerradas…

Foi o tempo justo de amadurecer, testar a experiência da prudência, entender muitas coisas de mim e da vida. A pessoa que hoje aqui volta (sem certezas de continuidade), é diferente da que partiu há uns meses atrás… Quero crer estar melhor, sinto essa alteração em muitas partículas da minha existência e o que vivo, vivi, viverei, é uma caminhada inesperada, um trilho surpreendente, um rumo a uma nova pessoa.

Amadureci, endureci, cresci… crisálida ainda, quem sabe lagarta, mas a aprender, continuamente a aprender e a sorver múltiplas sensações e emoções. Rescaldos não existem, não é tempo para isso. É tempo, sim, de olhar para trás e analisar um percurso: o de uma vida inteira, o de um círculo que se fecha. Queria ser uma pessoa nova e límpida, tento-o e por vezes consigo tocar esse objectivo, outras nem por isso… mas neste jogo de perfeição/imperfeição a que nos resume a condição humana continuo, a sorrir, porque ainda acredito no amor e na eternidade do mesmo. É o que me sobra. É o que me basta.

Queria eu entender a perfeição da Natureza e ser poeta como Caeiro…

Até já.