Dois anos

Foi há dois anos que me disseste "Dá-me um beijo", como se essa fosse a situação mais comum no meio de uma praça em Sintra. Disseste e agiste, certa do que querias, do que desejavas e do que sentias, enquanto eu, com a cabeça num turbilhão de perguntas, me limitei a soltar um tímido "Aqui?!". Deveria antes ter dito "Já?!"? Não sei, há dois anos atrás vim na asa de um foguetão só para que me repetisses, cara a cara, o que me tinhas dito nas últimas 24 horas, de coração descompassado, respiração descontrolada e de mãos trémulas.

Há dois anos atrás começou uma nova vida. A nossa.

Parece que foi há mais tempo... dar-lhe-ia, sem hesitação, uns sete ou oito, tal tem sido a montanha-russa, as mudanças, as emoções, crescimentos e vivências. Há dois anos atrás ainda era eu uma menina, hoje sinto-me mais do que isso.

Não é possível dizer-te o quanto és em mim, não existem palavras suficientes para compor a realidade dos meus sentimentos. Teria que inventá-las mas prefiro senti-las, sem necessitar de as formular, pois sei que as lês em mim. Nem é hoje esse o dia certo, hoje é dia de rever emoções passadas, por mais que eu saiba que eu tenha mais presente estas efemérides do que tu. Todos os dias são especiais, mas este é um dia mais especial que tem que estar carregado de magia.

Há dois anos atrás apercebi-me que estava apaixonada por ti e resolvi abraçar os sentimentos em vez da racionalidade. E foi isso o mais importante: sentir, não ser mero autómato.

Amo-te e tu sabes disso.