2006/02/09

AMOR

Amor, do Lat. amore; s. m., viva afeição que nos impele para o objecto dos nossos desejos; inclinação da alma e do coração; objecto da nossa afeição; paixão; afecto; inclinação exclusiva; ant., graça, mercê. com -: com muito gosto, com zelo; fazer -: ter relações sexuais; loc. prep., por - de: por causa de; por - de Deus: por caridade; ter - à pele: ser prudente, não arriscar a vida; - captativo:vd. amor possessivo; - conjugal: amor pelo qual as pessoas se unem pelas leis do matrimónio; - oblativo: amor dedicado a outrem; - platónico: intensa afeição que não inclui sentimentos carnais; - possessivo: amor que leva a subjugar e monopolizar a pessoa que se ama; o m. q. amor captativo.

Começo com esta simples questão: será o Amor passível de ser dissecado desta forma?

Se a pesquisa feita no dicionário não nos alimenta a curiosidade, onde mais procurar um significado para este sentimento? Cheguei, claro, à poesia e ao grande Carlos Drummond de Andrade...:

Quando encontrares alguém e esse alguém fizer o teu coração parar de funcionar por alguns segundos, presta atenção: pode ser a pessoa mais importante da tua vida.

Se os olhares se cruzarem e, neste momento, houver o mesmo brilho intenso entre eles, fica alerta: pode ser a pessoa que tu estás à espera desde o dia em que nasceste.

Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d'água nesse momento, percebe: existe algo mágico entre vocês.

Se o 1º e o último pensamento do teu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeçe: algo do céu te mandou um presente divino : O AMOR.

Se um dia tiverem que pedir perdão um ao outro por algum motivo e, em troca, receberes um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos e os gestos valerem mais que mil palavras, entrega-te: vocês foram feitos um pro outro.

Se por algum motivo estiveres triste, se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa sofrer o teu sofrimento, chorar as tuas lágrimas e enxugá-las com ternura: poderás contar com ela em qualquer momento da tua vida.

Se conseguires, em pensamento, sentir o cheiro da pessoa como se ela estivesse ali do teu lado... Se achares a pessoa maravilhosamente linda, mesmo ela estando de pijamas velhos, chinelos de dedo e cabelos emaranhados...

Se não conseguires trabalhar direito o dia todo, ansioso pelo encontro que está marcado para a noite...

Se não consegues imaginar, de maneira nenhuma, um futuro sem a pessoa ao teu lado...

Se tiveres a certeza que irás ver a outra envelhecendo... e, mesmo assim,tiveres a convicção que vais continuar sendo louco por ela...

Se preferires fechar os olhos, antes de ver a outra partindo: é o Amor que chegou na tua vida.

Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida, mas poucas amam ou encontram um amor verdadeiro. Às vezes encontram e, por não prestarem atenção nesses sinais, deixam o amor passar,sem deixá-lo acontecer verdadeiramente. É o livre-arbítrio. Por isso, presta atenção aos sinais. Não deixes que as loucuras do dia-a-dia te deixem cego para a melhor coisa da vida: o AMOR!!!

A forma como o poeta expõe as premissas é interessante... Vai fazendo um crescendo entre o estado de paixão e o amor. Ambos são sentimentos indissociáveis, mas o segundo sobrevive ao primeiro ou, então, o segundo nem sequer brota do primeiro...

Na minha tentativa de analisar o sentimento concluo que posso ir pelas premissas para derivar numa conclusão. Posso considerar 80% do exposto como certo e pleno... mas e quando os 20% em falta não existem? Continuará a ser isso amor? Será esta tábua de matérias falível? Existirá a estrutura ou não? Poderemos considerar que, embora com alguns buracos o barco vai conseguir soltar as velas e fazer uma deliciosa viagem?...

O amor nada tem de estatístico, o conceito que temos de amor é evolutivo, está intimamente ligado ao nosso crescimento e nunca partimos de um amor para outro amor com um conceito estanque. A vivência altera-nos essa estrutura idealizada.

E aí está o mundo empírico para o qual Platão tantas vezes nos alertou: a dissonância que existe entre o que se pressupõe e o que se obtem, minúscula gota que bebemos com sofreguidão.


E o que é que se tem mesmo? O Amor? Conceito ou vivência? Valerá a dissolução do primeiro em prol do segundo? Atrever-me-ia a dizer que sim... sempre disse que a vida se deve viver de peito aberto e que devemos continuamente aprender mais nesta vida tão escassa... viver dói... é a súmula das minha premissas vivenciadas. Porque podemos chegar a um ponto em que temos que nos perder para nos encontrar... a questão que fica é se alguém nos vai procurar...

12 Comentários:

Blogger AlmaAzul disse...

O amor, faz parte, no meu ponto de vista, de um conjunto de conceitos que apesar de terem influência social acabam por ser individuais. Cada um de nós, através da experiência, criará um "significado" próprio. O problema aparece quando o tentamos colocar em palavras.
Não aceitamos a ideia que há coisas que são mesmo indescritíveis.
Eu demoraria dias e dias a falar do que é para mim o amor... e não tenho certeza se algum dia me calaria.

***Azuis

11/2/06 16:15  
Blogger SalsolaKali disse...

Eu acho que o amor não é um barco. Antes uma jangada feita de paus de madeira atados entre si, com as frinchas inerentes, por onde a água salgada entra e sai… e flutua, e leva-nos por essa imensidão de mar fora, na qual nos permeamos, nos encontramos… flutuamos no marasmo dos dias sem coragem, ou simplesmente nos dias de deleite…
Importantes são as cordas, a densidade das cordas que atam todos os paus da jangada, os nós, a perfeição e funcionalidade dos nós, e os paus, a qualidade dos paus e as propriedades inerentes à sua constituição…
Encontrar ou sermos encontradas…
Esperar para sermos encontradas, ou partir para sermos descobertas…
Há sempre alguém… a começar por nós.
BJ

12/2/06 21:26  
Blogger Peg solo disse...

vou citar e sublinhar a Salso quando diz
Encontrar ou sermos encontradas…
Esperar para sermos encontradas, ou partir para sermos descobertas…
Há sempre alguém… a começar por nós.

é exactamente o que eu sinto neste momento!
Bj

4/3/06 03:28  
Anonymous Anónimo disse...

Quando amamos perdemos a liberdade porque a nossa vida deixa de ser só nossa e já não podemos fazer com ela tudo o que nos apetece. Ás vezes dou comigo a desejar não amar nem ser amado para poder voltar a ser iresponsável... a ser novamente livre!

5/3/06 20:48  
Blogger ...dina disse...

Alma: nesse sentido todos os significados serão sempre intrínsecos ao indivíduo, o que é verdade. Mas também existe algo que é importante: o entendimento, para isso temos o "signo", "significante" e "significado", que carecem de definições...

;)

10/3/06 20:44  
Blogger ...dina disse...

SK: as tuas palavras foram de uma pertinência extrema e, acredita, tocaram-me profundamente, pois foram extremamente belas.

O "eu" como ponto de partida parece-me uma motivação bem pertinente...

10/3/06 20:45  
Blogger ...dina disse...

Peg: a espera, a aventura, o refúgio, a loucura... são todas fases importantes e pelas quais passamos sem que muitas vezes nos apercebamos... eu pelo menos sinto isso.

10/3/06 20:46  
Blogger ...dina disse...

Sally: my darling... és muita chata! LOL!

13/3/06 20:37  
Anonymous Anónimo disse...

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31/10/06 22:12  
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Anonymous Anónimo disse...

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