2005/08/16

FACES

A C. costumava dizer de mim uma coisa interessante: de que passo a imagem de ser um rochedo sólido e inquebrável, mas de que na realidade sou mais frágil do que o vidro, com a agravante de viver tudo em silêncio. Ultimamente tenho pensado nisto, bem como se devo espelhar a realidade ou limitar-me a projectar a imagem de força.

A opção pela máscara é sempre a mais fácil... embora isso acarrete o problema de que a máscara se cola à pele e, com escorrer da areia na ampulheta, vira nova pele... Demorei vários anos a conseguir arrancar películas atrás de películas e a tentar ficar indiferente às dores de parto que provocam este renascer contínuo. Foi difícil, mas orgulho-me disso, de o ter conseguido por entre silêncios, lágrimas e escassos sussurros.

Em tempos (tanto tempo que quase parece uma vida passada), na altura em que o apelo da folha branca era incontornável, escrevi um livro sobre "faces", gritos de alma da minha pessoa desmultiplicada em personagens banais... E hoje decido-me a ser metáfora de mim novamente, o que quer que seja que isso signifique...

1 Comentários:

Blogger SalsolaKali disse...

...não seremos todos nós metáforas? Máscaras? Personificação do silêncio, de certos estados que não ousamos deixar cair? Ou gritos abafados e reprimidos até ao último decibel...?
Quem me dera ter respostas para ti… e para mim, também...
BJ SK

16/8/05 18:59  

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