2005/05/14

PURE EVIL

Ontem à noite resolvi ir espreitar um filme que me suscitava alguma curiosidade: Hitler – The Rise of Evil.



São quase 3 horas de filme que, quando acabaram, me deixaram com a mesma visão que já tinha de Hitler: o homem era definitivamente louco!

Historicamente está bem reconstruído, embora tenha algumas lacunas no que toca a uma contextualização mais precisa dos factos. O Tratado de Versalhes (assinado no final da Grande Guerra) não pode, nem é a única justificação que leva à ascensão do extremismo ao governo. Muito levemente fala-se da Grande Depressão de 1929, mas mais factores foram fulcrais, nomeadamente a própria cultura germânica profundamente abalada com a Grande Guerra.

É um filme que se percebe muito bem, mas que passa uma imagem não total, na minha opinião, do contexto germânico que medeia as duas Guerras. O Hitler que nos é dado a conhecer é totalmente desequilibrado (que era, sem sombra de dúvida), mas faltou explicar muito da sua visão estadista. O seu ódio aos judeus é latente e permanente ao longo do filme, mas este ódio era mais do que uma questão racial: era uma questão económica. A importância de Goebbels também não está muito clara… Falta-lhe tudo isto para ser um filme perfeito.

Entre as duas Guerras houve uma sede muito grande de estabilidade político-económica, mas não só na Alemanha, como por todo o mundo ocidental. Veja-se o caso português, por exemplo, com a nomeação de Salazar para Ministro das Finanças em 1926.

Notei algumas linhas de continuidade entre o pensamento de Hitler e o de Salazar. Para além das ideologias (diferentes, mas assentes em pressupostos semelhantes), sublinhei a necessidade que Hitler teve de fazer uma lista dos seus inimigos… Salazar também o fez, acredito que Franco, Mussolini e Estaline também tenham tido a sua…

Mais do que poder pelo poder, o que me consegue espantar nas posturas de algumas figuras que agora mencionei, é a sua tentativa de levar a cabo um projecto, sem olhar a meios. Economicamente Hitler foi um líder muito bom, implementado a “Economia de Guerra”, que levou a um renascimento germânico em menos de uma década.

Claro que me fui deitar e tive uma noite de insónias, porque nada valida atentados aos direitos humanos. Nada. Mas fixei esta interrogação: será que só através de ditaduras se consegue levar a cabo mudanças profundas e estruturantes? Será a democracia um meio apenas de alterações conjecturais?

Preocupa-me pensar nisto. Muito.

Hitler era, absolutamente louco. Mas não conseguiu fazer nada sozinho. Nem os outros ditadores. O mundo está sedento de poder e o melhor de todos é o poder dos bastidores. Hitler, Mussolini, Salazar, Estaline, Franco, etc… são só a expressão visível das faces que não nos são dadas a conhecer…

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