A EXPRESSÃO POPULAR
A minha família é altamente politizada. O que para nós é um almoço comum de família, para outros parece que está em pleno plenário da Assembleia da República (a N(amorada) que o diga!). No sábado discutia-se o referendo europeu e as medidas apresentadas pelo Governo para combater o déficit... Apesar de toda a gente se passear pela mesma família política, as opiniões são bem diversas!
A minha cunhada é, geralmente, a mais inflamada em termos de discurso e, o mesmo, é comumente o mais radical. Dizia ela: "se houver referendo em Portugal eu vou votar contra!", ripostei eu: "então e já leste o texto da Constituição?", "não! Mas da maneira que isto está achas que se deve aprovar o referendo?!", diz ela. A minha irmã começa a gozar: "é... votamos contra e depois vamos a correr tirar as tubagens do saneamento básico que a Europa nos pagou!". Risos de toda a gente.
Eu começo a picar (é a minha função, por norma, altamente cumplíce do meu cunhado): "eu por mim poderiam já declarar isto tudo Europa, terminar com os Estados!". Enquanto dizia pensava que o meu pai ia já saltar para a discussão, com uma opinião contrária... O meu irmão: "não, não! Isto qualquer dia já é Espanha". E ouve-se o meu pai lá ao fundo: "oh... mas é que podia ser já, não sei para que é que está a demorar tanto tempo!".
Depois fez-se silêncio enquanto na televisão passava um spot sobre a selecção nacional de futebol... e mudámos de assunto para as medidas a serem aplicadas na função pública...
Aquele silêncio deu-me que pensar... o nosso patriotismo familiar está a despedaçar-se?
A minha cunhada é, geralmente, a mais inflamada em termos de discurso e, o mesmo, é comumente o mais radical. Dizia ela: "se houver referendo em Portugal eu vou votar contra!", ripostei eu: "então e já leste o texto da Constituição?", "não! Mas da maneira que isto está achas que se deve aprovar o referendo?!", diz ela. A minha irmã começa a gozar: "é... votamos contra e depois vamos a correr tirar as tubagens do saneamento básico que a Europa nos pagou!". Risos de toda a gente.
Eu começo a picar (é a minha função, por norma, altamente cumplíce do meu cunhado): "eu por mim poderiam já declarar isto tudo Europa, terminar com os Estados!". Enquanto dizia pensava que o meu pai ia já saltar para a discussão, com uma opinião contrária... O meu irmão: "não, não! Isto qualquer dia já é Espanha". E ouve-se o meu pai lá ao fundo: "oh... mas é que podia ser já, não sei para que é que está a demorar tanto tempo!".
Depois fez-se silêncio enquanto na televisão passava um spot sobre a selecção nacional de futebol... e mudámos de assunto para as medidas a serem aplicadas na função pública...
Aquele silêncio deu-me que pensar... o nosso patriotismo familiar está a despedaçar-se?
8 Comentários:
Deus, pátria, família... tal qual, as três máximas juntas, já lá vão…
Preocupa-me apenas a cultura e identidade do país, saber preserva-las.
De resto... venha a Europa já, a Espanha, qualquer coisa que dê a volta ao estado miserável em que se encontra este pais.
(isto soa-me a uma certa agressividade… Porque será?)
BJ SK
devo-te confessar que não sou patriota e nunca fui apesar de lá em casa o meu pai ter sido militar e ser daqueles que sente um arrepio pelas costas quando ouve o hino.
lá em casa as conversas tb sempre foram muito politizadas, a minha mãe de pseudo-esquerda (PS) eu Bloco (PSR) e o meu pai fã do Cavaco e do PSD. Os diálogos às horas das refeições eram por vezes explosivos.
SK: Será que essa máxima já lá vai?! Ainda tenho as minhas dúvidas...
Mas tocas no ponto essencial: cultura e identidade! Mesmo como Estado-Nação estaremos a saber manter essas premissas?!
Pequenos: bom, a mim "A Portuguesa" arrepia-me também. Sei de cor o hino, sei explicar o simbolismo da nossa bandeira, Sou capaz de ficar horas a falar da História de Portugal... Nessa acepção do termo serei patriota. Mas prefiro ser altruísta e desejar um bem maior para Portugal! ;)
Aposto que as tuas refeições eram mais acesas do que as minhas!
Não sei e isso preocupa-me.
A cultura também passa por um processo evolutivo e se formos a ver a identidade também. O que fica é a memória mais ou menos cristalizada. Não sou contra o progresso nem fundamentalista. Existem porém formas de preservação e valorização da cultura que a meu ver não estão a ser devidamente implementadas e conduzidas. Quem diz na cultura e património diz em quase tudo. E lá estou eu a ser pessimista.
Mas quem sou eu...?!
Soube apenas ao almoço, e já depois do primeiro comentário, que a França tinha vetado a constituição. Gostaria de saber porquê...
BJ SK
é preciso distinguir: a identidade enquanto ser individual, indentidade colectiva enquanto pessoas que pertencem a um grupo a um país ou a uma cultura e indentidade cultural (que pode ou não ser ligada às raízes ou pode ser uma amalgama de culturas). A minha cultura e identidade resultam da partilha e mistura de outras culturas e de outras identidades, por isso não sou patriota.
SK: concordo... ao nível de preservação cultural ainda há muito por fazer. Porque a História e as estórias não se podem, simplesmente, encaixotar e esquecer. ;)
Pequenos: a identidade cultural é um bem comum não só a um país, mas sim a uma cultura, que é um bem maior do que as fronteiras físicas.
A identidade cultural é o nosso bem mais precioso, porque nos fixa as raízes, nos determina muitas condutas sociais.
Em termos etnográficos e culturais ainda temos um longo caminho a percorrer até se perceber o que são as raízes...
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