2005/04/26

O POST ATRASADO

Falar de Abril deveria ser todo o ano.

Ainda ontem debatia a temática "democracia" e chegava-se à conclusão que ainda é o menos mau dos sistemas políticos, com as suas variações constitucionais, mais regionais, federativas, confederativas, republicanas, etc, etc...

O 25 de Abril de 1974 ainda não está todo contado e descoberto. Ainda nos falta a clarividência histórica do afastamento temporal, do arrefecimento de emoções para que se possam tirar ilações concretas.

A minha visão do 25 de Abril é muito própria, embora não o tenha vivido. Na minha opinião foi uma Revolução para pôr termo a uma Guerra. O Regime estava carunchoso e cedeu. Spínola, com a sorte do seu lado de ser o oficial mais graduado, surge a liderar o processo. O PC inicia o seu braço-de-ferro. Os americanos vão analisando o processo e tentando evitar a "Cuba Europeia".

Creio que Spínola teve, por momentos, o sonho de ter um Regime só para ele, embora mais renovador, mas com os traços ditatoriais. O que valeu a Portugal foi o confronto de poderes com o PC (que também queria esta ditadura para eles).

No 25 de Abril houve muita ideologia nos capitães de Abril, inebriados na tentativa de evitarem a contínua chacina em África, mas não houve grandes planos para o pós-Revolução e isso viu-se com o caos lançado até Novembro de 1975.

Mas o espírito de Abril foi a saída das pessoas para a rua, a sua adesão, o seu dizer "basta!". Esse foi o verdadeiro Abril, o Abril que deveria ser actualizado e simbolizar a participação dos cidadãos na vida activa do país.



Esse Abril, inflizmente, está cada vez mais distante e vai-se perdendo pelas grutas em cada cidadão vai mergulhando, optando por ser mais uma personagem de Platão...

10 Comentários:

Blogger SalsolaKali disse...

Abril será cada vez mais a personificação da resistência, e além de ideia histórica (quando esta for verdadeiramente escrita), será também, cada vez mais, uma alegoria poética aos ideais de liberdade.

26/4/05 12:53  
Blogger mar disse...

ai a poesia de abril...outra utupia de que sofro! bem post label!

26/4/05 13:42  
Blogger ...dina disse...

SK: Achas que a ideia que ficará será a da resistência? Por acaso não tenho essa visão dos factos... A da poesia sim, claro, concordo.

Mas Portugal é um país de poetas e as rimas correm-nos nas veias. A resistência é que já não tenho tanta certeza... acho que até somos um povo acomodado às situações e isso pode-se na nossa História... deixamos prolongar as coisas até à quase asfixia... um bocado como a entrega do IRS dentro dos prazos legais! ;)

26/4/05 16:02  
Blogger ...dina disse...

Mar: eu tenho muita pena de não ter vivido o 25 de Abril de 1974! Mas da maneira que sou acho que tinha acabado os meus dias frita no Tarrafal antes de assistir à Revolução!

26/4/05 16:04  
Blogger mar disse...

eu lembro-me de muito pouco, o meu pai morreu no ano anterior, e as memorias dessa altura foram-me todas afectadas... mas lembro-me de andarmos a espalhar petalas de flores na estrada na camanha para as primeiras eleições...
mas do 25 de Abril, o que louvo é mais a poesia da revolução sem sangue derramado... do abrir das portas à liberdade, castrada que seja, hoje.

26/4/05 16:13  
Blogger mar disse...

era mais campanha, não camanha! lol

26/4/05 16:29  
Blogger ...dina disse...

De facto deve ser uma recordação forte! Referes-te à campanha para a Constintuinte de 75, não é?

Eu só nasci em 79, mas o valor de Abril sempre me foi muito incutido.

26/4/05 16:33  
Blogger mar disse...

penso que sim... eu na altura era mais as petalas *rsrs*

26/4/05 17:24  
Blogger SalsolaKali disse...

Acho que sim, que é necessário resistir aos ideais fáceis e às situações de comodismo, mesmo que para isso seja necessário correr riscos. É preciso ser fiel aos valores humanos colectivos, mesmo que outros, interesseiros e particulares, mais fáceis, se queiram insurgir e sobrepor.
È um ideal de resistência. Acho que sempre foi, apesar do cariz de revolucionário do momento em si, que também tem, mas a carga anterior é mais forte, a de oposição a um regime ditatorial e interesseiro.
Como alguém dizia ontem, é preciso estar atento, saber pensar, analisar, e ter a força de resistir… o problema é que parece que a grande maioria das pessoas não estão atentas, não sabem pensar ou não querem, ou não têm tempo… e não resistem. Absorvem tudo como lhes é dado e só se revoltam quando se trata de defender o quintalzinho delas…
Bom, mas isto sou eu que penso assim…
BJ GR p ti.
SK

26/4/05 17:57  
Blogger ...dina disse...

Nem mais, SK! Somo um país não umbiguista, mas de milhões de umbiguinhos! ;)

26/4/05 22:24  

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial