2005/06/10

DIA DE CAMÕES

O país foi a banhos e agradece a todos os santinhos os dias de feriado para poder aproveitar o calorzinho de Verão. Já nem nos lembramos do porquê das datas, exceptuando as óbvias: Natal e Páscoa. O resto são dias de folga.
Hoje é o Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Lusófonas. Nome pomposo que descreve um 10 de Junho tão patriótico como a nossa língua, mais do que mera extensão de terreno. Mas isso já o Pessoa tinha dito nos idos do século XX.
Em tempos fui uma grande fã do poeta Camões. Tão fã que até baptizei um cão com o nome dele, por sinal o meu primeiro cão mais companheiro e fiel (e não, não era cego). Não acho nada desprestigiante usarmos nomes de pessoas em cães, pelo contrário! Cá em casa os cães têm nome de divindades.
Mas o meu fascínio pelo Camões (poeta) foi-se dissipando ao longo dos tempos e da minha evolução académica... Comecei por ler o Sá de Miranda, depois veio o Petrarca e também o Dante e fiquei aborrecida com a semelhança dos sonetos... A gota de água foi quando li a Ilíada e revi Os Lusíadas, embora com devidas adaptações.
Nessa altura fiquei desanimada. Camões desiludira-me! Claro que entendo que o estilo literário da época era a renovação dos clássicos, mas mesmo assim fiquei triste. Com o passar dos anos lá fui apagando esta mágoa, fui desculpando e sempre pensando que era necessária muita mestria para escrever o que ele escreveu, com os decassílabos todos correctos, com as rimas perfeitas...
No outro dia perdoei-o definitivamente. E a culpa foi da gata. De repente ouvi um estrondo no escritório, fui ver e a gata estava entretida nas prateleiras a tirar os livros do sítio. O barulho tinha sido da queda d'Os Lusíadas no chão... Ralhei com a gata, mas aproveitei para folhear o livro. E foi quando abri ao calhas n'A Ilha dos Amores, que me rendi à evidência de que Camões merece, de facto, ser o nosso representante literário.
Somos um país de poetas. Que seja um poeta a representar a nossa língua, que é mais do que mera pátria.

9 Comentários:

Blogger SalsolaKali disse...

Se não fosse a poesia, temo que pouco mais nos restaria senão o saudosismo bafiento da expansão ultramarina, a mágoa do que poderíamos ter sido e não fomos, e somos...
se bem que este sentimento bafiento está actualmente envolto numa certa contemporaneidade e paira por aí ultimamente... o que poderíamos ser e não somos. Ao que chegámos.
Bom feriado e bom fim-se-semana.
BJ SK

10/6/05 11:43  
Blogger ...dina disse...

SK: o saudosismo é algo que nunca vai abandonar o espírito português... o eterno aguardar do regresso de D. Sebastião, arauto das boas novas!

12/6/05 19:43  
Blogger ...dina disse...

P.: de facto que excelente descrição! Até se encheu do perfume das hortênsias de Lisboa este escritório! :)

12/6/05 19:43  
Anonymous Anónimo disse...

Olá!!!

Nesta fase só me resta dizer: "and so i'm back, from out of space ..."

tatatatararatarata

Chocolover

13/6/05 12:17  
Blogger mar disse...

ai o emboçado... é que por mais que se faça, ele vive bem gravado no nosso imaginário...
label: poetas e marinheiros...
Choco: regresso em grande! lol

13/6/05 19:24  
Blogger AlmaAzul disse...

"Que seja um poeta a representar a nossa língua, que é mais do que mera pátria. " Sem dúvidas subscrevo. Mas depois aparecem os preconceitos e pronto…(!) sentamo-nos à espera que esse poeta ainda nasça com o V império porque estes, os que temos agora, nunca são suficientemente bons…
***azuis

13/6/05 23:59  
Blogger ...dina disse...

Choco: e que entrada em grande! LOL!

Sabias, porém, que essa música foi escrita com base num facto insólito da vida da Gloria Gaynor?! Pois... deu um trambolhão no palco, que resultou no "I Will Survive"! ;)

A malta já estava com saudades das meninas!!!!

14/6/05 00:26  
Blogger ...dina disse...

Mar: e ao imaginário continuaremos agarrados... :)

14/6/05 00:26  
Blogger ...dina disse...

Alma: Adoro todo o mito do V Império, já pesquisei tudo e mais alguma coisa, li quase tudo o que havia para ler e continuo a achar uma teoria fantástica! :)

14/6/05 00:28  

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