2005/02/16

CIDADANIA I

Quem me conhece sabe que sou uma miúda atenta ao que se passa em meu redor e que tenho uma consciência cívica e/ou política bem vincada e enraizada, logo não poderia deixar de, a escassos dias de irmos a votos, de dissertar um pouco sobre tudo isto.

O que se entende por cidadania? O que é a política? Conceitos apartados, redundantes ou complementares?

A etimologia

O termo cidadania deriva do latim civis, que significa cidade. Quanto ao termo política, este deriva do grego polis, que se traduz por cidade. Na raiz chegamos à mesma conclusão.

A filosofia

Deixou-nos em legado, Aristóteles, que o homem é um animal político. O que significa, em traços latos, que é um animal que vive em sociedade (cidade).

Avançamos nos séculos e mergulhamos já na grande discussão filosófica dos séculos XVIII e XIX do conceito de Estado. Aqui encontramos grandes nomes: Hobbes, Locke e Rousseau. Entre eles debateu-se essa questão do que é o Estado e o que é a governação. Para tal metaforizaram as suas teses na figura do Leviatã, um monstro enorme, composto por todas as pessoas que fazem parte de um Estado – independentemente da estratificação hierárquica.

Hobbes, embebido de um verdadeiro espírito absolutista, defendia que o Estado era composto por todos, mas que depois de eleito* um governo, cessava a participação do povo na intervenção do Estado, devendo este apenas obedecer e agir consoante as regras impostas.

Locke, defensor do Liberalismo, contrapôs a tese de Hobbes e defendeu que a participação do povo jamais cessava no acto de eleição, tendo sempre uma continuidade participativa e tendo o dever de contribuir para o todo, não devendo nenhum governo impor, apenas servir.

Rousseau dispensa apresentações e é o pai da Revolução Francesa, apresentando um conceito de Estado assente no Liberalismo mas que ressalvava o direito à propriedade e ao trabalho – mas estas já são contas de outro rosário.

E agora?

Depois desta súmula, o que quis foi contextualizar, ou seja, pessoalmente parto do princípio de que qualquer cidadão é, por inerência político e, num Estado Democrata, é dever e direito de cada um de nós participar.

E onde e quando participamos?

No acto eleitoral? Se sim e apenas isso remete-me puramente para a doutrina de Hobbes.

Na vida pública? Votamos, participamos em associações, grupos de trabalho, sindicatos, partidos políticos, movimentos cívicos, etc... Se sim é claro que caminhamos para um Estado partilhado, assente nos princípios da Revolução Francesa – Igualdade, Liberdade e Fraternidade!

Quando surge a queixa – mais do que comum! – “é mais do mesmo” ou “os políticos são sempre a mesma coisa”, e por aí adiante, o que me apraz perguntar é:

E O QUE É QUE TU JÁ FIZESTE EM PROL DA SOCIEDADE?


* Ressalva para o conceito de eleição, completamente díspar daquele que conhecemos hoje!

4 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

plantei uma árvore, escrevi um livro, tive um filho (credo, acho que vou vomitar...)

17/2/05 10:49  
Blogger ...dina disse...

Estás muito queirosiana, não? LOL ;)

17/2/05 11:18  
Blogger ...dina disse...

É um princípio...

17/2/05 16:12  
Blogger ...dina disse...

EHEHEHEHEH!!!

Sempre acho o Hobbes versão séc. XX mais interessante do que outro! LOL

19/2/05 20:47  

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