2005/02/26

RELAÇÕES

O que é que falha numa relação, acabando por originar o seu fim?

Não existe um verdade absoluta que espelhe a totalidade dos casos de casais que terminam relações. Nem dentro de cada factor existe esse absolutismo.

Existem os dois factores cruciais:
a) Internos
b) Externos

Na minha óptica ambos são indissociáveis. Quando alguém tem disponibilidade emotiva – factor derivado de uma instabilidade interna – é natural que alguém que se aproxime origine encantamento.

O factor interno de um relacionamento é sempre o preponderante: as emoções inerentes, a partilha, a cumplicidade, a paz, a tranquilidade, a inovação, a conquista constante, os desafios são elementos essenciais para uma relação saudável. Existe algo crucial: a luta contra a rotina, o constante arrebatamento, a capacidade de surpreender.

Não existem fórmulas matemáticas para as relações e para as emoções, por isso perdemos muita da nossa racionalidade perante determinados sentimentos. As relações também exigem distanciamento crítico que permita analisar a relação por fora, com a consciência.

Ao longo dos anos em que evolui dentro desta relação agora parte do passado, aprendi a ser mais racional, a descontextualizar-me dos factos para assim os entender melhor. Por isso, hoje, consiga estar a ser tão fria nos sentimentos e pensamentos. Porque há mortes que se fazem anunciar, que se pressentem, que se sabem a pairar por cima da vivência.

Há muito tempo que a palavra “amor” havia derivado para uma outra tão forte e tão bela quanto esta: “amizade”. Há muito tempo que as nossas vidas se faziam de forma separada, com amigos diferentes, interesses diferentes, objectivos diferentes. Soubemos conciliar sempre essas diferenças, tornando-as uma mais-valia para a relação.

Hoje pronunciámos as palavras engasgadas, que nos queimavam a alma. Sei que há outra pessoa que te preenche os pensamentos e isso não me magoa. É estranho dizer assim, mas a minha sensação é de alguma paz, porque isto significa que soubemos crescer e evoluir, que tivemos o melhor possível uma da outra, que maior partilha seria quase impossível. Significa que tivemos o nosso tempo e que o que aprendemos nos fez crescer e procurar outras paragens.

Hoje perdi uma namorada, mas tenho uma grande amiga, que defenderei sempre até ao limite das minhas forças. Ganhei crescimento pessoal, ganhei capacidade de partilhar, ganhei conhecimento maior sobre a vida, ganhei um percurso que me faz sorrir e não chorar.

Olho para nós e sei que ganhei muito mais do que perdi.

Ambas sabemos que nos adoramos, ambas sabemos que não resulta, ambas desejamos a maior felicidade para cada uma de nós.

Mais do que me sentir vazia sinto-me plena de carinho e amizade e não quero pensar nos erros, nos momentos maus, no lado negativo: a nossa vida conjunta de 3 anos e meio não mo permite, não o quero fazer em prol da pessoa fantástica que és.

Nada morre, tudo se transforma... o nosso amor transformou-se para uma brilhante amizade!

4 Comentários:

Blogger SalsolaKali disse...

Tenho que confessar que este texto, a esta hora da manhã, me fez acordar (definitivamente) …
Admiro esse teu sentir as coisas num momento tão complicado. Até algum tempo atrás pensava que não era possível sentirmo-nos assim. De facto, também aprendi que numa construção de uma relação tanto se podem sentir todas as superfícies lisas, curvas e planas, mas também se podem sentir as irregularidades e imperfeições quando as há (mas apenas se não resolvermos fechar os sentidos). E é notável quando uma vez iniciado o processo de desconstrução, se consegue chegar ao fim com qualquer coisa diferente e em paz, tranquilamente, com algo tão valioso quanto o amor, um carinho e uma ternura pelo outro, uma profunda amizade… Normalmente as coisas não são assim tão fáceis, mas é muito bom quando assim acontecem.
Fica bem.

27/2/05 09:25  
Blogger mfc disse...

Infelizmente ou não, quase tudo é efémero.

28/2/05 04:03  
Blogger ...dina disse...

Salsolakali: apesar do processo de desconstrução poder estar facilitado pelo respeito que se nutre, o mesmo nem sempre é fácil, porque te de se aprender tudo de novo, principalmente a forma de olhar a outra pessoa.

Aí reside a questão. ;)

1/3/05 11:51  
Blogger ...dina disse...

mfc: o problema é sabermos se isso é bom ou mau. ;)

1/3/05 11:51  

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial